A tecnologia de edição genética CRISPR pode um dia extinguir do planeta as mais devastadoras doenças, permitindo que apenas uma simples edição elimine o código genético responsável por qualquer mazela. Um dos obstáculos presentes no caminho de tornar essa fantasia em realidade, no entanto, são os efeitos que ocorrem ao modificar alvos indesejados. Mas a Microsoft quer usar inteligência artificial para resolver este problema.
A CRISPR é conhecida por sua precisão, que é muito maior que tecnologias genéticas anteriores, podendo precisamente identificar e alterar um pequeno fragmento de um código genético. Mas ela não é tão precisa quanto gostaríamos que fosse.
Opiniões de quão comum a falta de precisão pode ser são variáveis, mas pelo menos em alguns dos casos a CRISPR faz mudanças indesejadas ao DNA. Dependendo de quais são estas mudanças, elas podem resultar em séries problemas de saúde, como o câncer.
Cientistas trabalham há um bom tempo em maneiras de melhorar a precisão da CRISPR para que menos destes efeitos acidentais ocorram. A Microsoft acredita que a inteligência artificial pode ser uma das maneiras de solucionar este problema. Em conjunto com cientistas da computação e biólogos de institutos de pesquisas de todo os EUA, a companhia desenvolveu uma ferramenta chamada Elevation que prevê possíveis alvos indesejados ao editar genes com a CRISPR.
O sistema CRISPR é feito de duas partes, uma proteína que faz o corte e um guia sintético de RNA projetado para coincidir com a sequencia DNA do gene que será editado. Guias diferentes podem causar diferentes efeitos em alvos indesejados dependendo de como são usados.
Com a ferramenta Elevation, o cientista insere no sistema o nome do gene que pretende alterar e a ferramenta irá sugerir qual guia irá causar menos danos em alvos indesejados no gene especificado — a Elevation usa aprendizado da máquina para descobrir quais podem ser os alvos. Ela também providencia quais alvos indesejados podem ser atingidos de acordo com o gene a ser tratado.
A plataforma baseia seu aprendizado tanto na pesquisa da Microsoft quanto em dados públicos sobre diferentes alvos genéticos e como os guias interagem com eles.
O trabalho foi detalhado em um artigo publicado nessa quarta (10) no periódico Nature Biomedical Engineering. A ferramenta é pública e está disponível gratuitamente para pesquisadores. Ela trabalha em conjunto com a ferramenta Azimuth, que prevê efeitos causados ao alvo genético especificado, lançada em 2016 pela Microsoft.
Existem muitas discussões sobre quão problemáticos os efeitos em alvos indesejados causados pela CRISPR realmente são, além de como consertá-los. A nova ferramenta da Microsoft certamente será uma ótima adição a essa caixa de ferramentas. No último ano, a companhia dobrou seus esforços para utilizar inteligência artificial em soluções para o sistema de saúde.